28 novembro 2006

PRESENÇA GARANTIDA

1º ENCONTRO NACIONAL DE CLUBES E SOCIEDADES NEGRAS


De 24 a 26 de novembro, aconteceu em Santa Maria o I Encontro Nacional de Clubes e Sociedades Negras do Brasil, no Park Hotel Morotin. A abertura foi na sexta (24) e esteve presente a Ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir/PR), do Ministério da Cultura -Luiz Fernando de Almeida, da Prefeitura de Santa Maria, da Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para Comunidade Negra de Santa Maria, demais autoridades, além de gestores, representantes e membros de vários Clubes e Sociedades Negras do Rio Grande do Sul e do Brasil.

PARTICIPARAM :

MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO SUL Clube 13 de Maio (Associação dos Amigos do Museu Treze de Maio), Santa MariaClube Visconde do Rio Branco, São Sepé Clube Treze de Maio e Salgueiro, TupãClube Três de Maio, Cruz AltaSociedade Recreativa e Cultural União Restinguense, RestingaClube José do Patrocínio, Júlio de CastilhosClube Princesa Isabel, FormigueiroSociedade Harmonia, CaçapavaGrêmio Recreativo Beneficiente Operário, Santa CruzSociedade Velha Guarda, Rio PardoClube Recreativo Beneficente União Independente, Cachoeira do SulSociedade Nego, Venâncio AiresSport Clube Brasil, CandeláriaClube Farroupilha, LivramentoSociedade União Rosariense, Rosário do SulSociedade Recreativa Cultural Zíngarus, BagéClube Recreativo Riograndense, Dom PedritoSociedade União Operária 1° de Maio, AlegreteSociedade União Filhos do Trabalho, UruguaianaSociedade 15 de Novembro, São GabrielClube Fica Ahi pra Ir Dizendo, Pelotas(www.ficaai.blogspot.com)Clube Cultural Chove Não Molha, PelotasClube Depois da Chuva, PelotasClube Cultural Estrela do Oriente, Rio GrandeClube Cultural Braço é Braço, Rio GrandeClube Guarani, Arroio GrandeClube 24 de Agosto, JaguarãoSociedade 15 de Novembro, São LourençoClube Recreativo Cultural Honorato Domingues Soares, CamaquãSociedade Visconde do Rio Branco, Passo FundoSociedade Flor da Serra, CarazinhoSociedade Princesa Isabel, Santo AngeloCentro Cultural Hedeiros de Zumbi, IjuíSociedade Floresta Aurora, Porto Alegre(www.florestaaurora.com.br)Associação Satélite Prontidão, Porto AlegreSociedade Rui Barbosa, CanoasSociedade Castro Alves, CanoasSociedade Floresta Montenegrina, Montenegro(www.florestamontenegrina.blogspot.com)Sociedade Cruzeiro do Sul, Novo HamburgoSociedade 6 de Maio, GravataíSociedade Os Tesouras, Arroio dos RatosClube José do Patrocínio, OsórioClube Ouro Preto, Butiá
OUTROS ESTADOS DO BRASILClube Cívico Cruz e Souza, Lages/SCClube Cultural 13 de Maio, Tijuca/SCClube Recreativo Novo Horizonte, Santa CatarinaClube Subtenente da Polícia Militar, Santa CatarinaBaile do Carmo, Araraquara/SPClube 28 de Setembro, Jundiaí/SPSociedade 13 de Maio, Campinas/SPGrêmio Recreativo Familiar Flor de Maio, São Carlos/ SPClube José do Patrocínio, São Paulo/SPClube Palmares, Volta Redonda/RJRenascença Clube, Rio de Janeiro/RJClube Mundo Velho, Minas GeraisComunidades os Arturus, Minas Gerais .


15 novembro 2006

Conhecendo um pouco mais sobre um QUILOMBO !!!

" É provável que muitos brasileiros não saibam definir o que foram os quilombos. Mesmo o mais famoso deles, "Palmares", permanece desconhecido para a maioria. Imaginem, então, a reação dessas pessoas ao saberem que, ainda hoje, existem áreas ocupadas pelos descendentes daqueles negros que, resistindo à escravidão, ousaram fundar as bases de uma nova sociedade.
Sandra Paulino pertence ao Centro de Direitos Humanos Padre Chico e acompanha de perto os problemas enfrentados pelos remanescentes de quilombos no estado de São Paulo. Para ela, as ações do governo (estadual e federal) na regularização das terras dessas comunidades são muito lentas:
"É fundamental que eles obtenham os documentos que atestem a posse de suas terras, somente assim poderão produzir e comercializar legalmente seus produtos, garantindo a sobrevivência do grupo".
Outro problema detectado por Sandra é a total falta de respeito pelos costumes e cultura das comunidades quilombolas:"Muitas vezes eles são tratados como posseiros ou sem-terras, e não como pessoas que desenvolveram uma estrutura social diferente da maioria".A situação, segundo Sandra, é grave. Além da ausência do estado provocar a carência de saúde, transporte e educação (algumas crianças são obrigadas a caminhar quilômetros até a escola), as comunidades enfrentam problemas decorrentes do "progresso":"No Vale do Ribeira, por exemplo, a construção de barragens no rio que circunda aquelas comunidades, podem obriga-los a sair de suas terras. Se isto acontecer para onde irão? Como poderão abandonar o lugar onde estão enterrados seus antepassados, sua história e tradição? É preciso que entendam que o povo quilombola sem seu território não existe".
Para Alecsandro Ratts, antropólogo da Universidade de São Paulo e do Instituto da Memória do Povo Cearense, um dos poucos pesquisadores que atuam em remanescentes de quilombos, o governo federal até tem feito alguma coisa, mas é obrigado a reconhecer que as medidas são ainda muito tímidas:
"Pelo menos atualmente o governo tem noção do verdadeiro tamanho do problema, mas não tem recursos financeiros nem "konw how" para atuar nos quilombos. É preciso entender como essas comunidades funcionam. Estudar e formar pessoas que atuem nessas áreas. Esporadicamente, quando necessário, a Fundação Cultural Palmares contrata profissionais para realizar esses levantamentos, mas é muito pouco. A mudança estrutural desta situação somente acontecerá com pressão da sociedade, quando o clamor dessas comunidades romperem a barreira da mídia".O antropólogo revela que o descaso do governo abre caminho para a invasão das terras dos quilombolas. Afirma que há registros de massacres ocorridos nas décadas de sessenta e setenta no Maranhão e em outros estados vizinhos:"Trabalho basicamente ao norte da região Nordeste e lá os conflitos são latentes. Tenho conhecimento que estes confrontos ainda ocorrem, principalmente nas regiões mais remotas, distantes das capitais".
As opiniões de Sandra Paulino e Alecsandro Ratts fazem coro com outros especialistas ou envolvidos diretamente com a questão. Todos são unânimes em afirmar que o governo deve tomar medidas mais enérgicas e decisivas para solucionar o problema dos remanescentes de quilombos, sob pena de assistirmos mais uma vez o extermínio de um povo e a agonia de uma cultura.

07 novembro 2006

Aniversário

Hoje 07 de Novembro , é aniver da nossa tesoureira,Sra.Cleci de Carvalho e do nosso amigo José Carlos da Rosa.
PARABÉNS e UM FORTE ABRAÇO DE TODA A DIRETORIA.

" QUILOMBO DOS PALMARES "

Para lembrar : AOS FLORESTINOS DE PLANTÃO : No próximo sábado (12/11) , é a nossa excursão p/ o Jantar Baile, em Canoas na Soc.Rui Barbosa, Jantar este em homenagem à semana da CONSCIÊNCIA NEGRA. Saída prevista para às 19:30hs , em frente a Sociedade Floresta Montenegrina. Não percam, até lá.

Aí vai, mais um pouquinho de nossa história : ( QUILOMBO DOS PALMARES)

*** PALMARES ***

Este quilombo era uma mistura : viviam ali negros nascidos de diversas tribos africanas, com costumes e dialetos diferentes, ao lado de outros, que - chegados crianças ou tendo nascido no Brasil - traziam já a marca da cultura dos brancos. Em Palmares também haviam índios, muitos deles ex - escravos, mulatos e até brancos fugitivos da justiça. Palmares era constituído por dezenas de aldeias denominadas mocambos, cada qual com seu chefe (aqueles que na África haviam pertencido à nobreza). Em 1644, os holandeses já dominavam Pernambuco inteiro e queriam conhecer o quilombo, que a esta altura já tinha grandes plantações e famílias inteiras estabelecidas. Palmares cobre quase todo o atual estado de Alagoas, além de parte de Pernambuco e Sergipe. Algumas expedições holandesas tentaram extinguir os quilombos, mas subestimaram seu tamanho e força, não obtendo nenhuma vitória. Em 1654, os holandeses são expulsos do nordeste pelos portugueses. Ao mesmo tempo, a concorrência da Jamaica, fazendo com que o Brasil perdesse os seus mercados tradicionais de açúcar, lançou o nordeste num período de decadência econômica. Estes fatores culminaram em uma "trégua" entre Palmares e as vilas próximas: o quilombo fornecia produtos agrícolas - além de caça, peixe e objetos de cerâmica - em troca de ferramentas agrícolas, armas de fogo e pólvora. Palmares era então uma longa faixa de terra de 200 quilômetros de largura, paralela à costa, situada entre o cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e a parte norte do curso inferior do rio São Francisco, hoje no estado de Alagoas. Nove rios banhavam o lugar, proporcionando mata exuberante e terras muito férteis. O terreno era montanhoso, tornando o lugar de difícil acesso, protegendo o quilombo. Além das frutas, a floresta fornecia quanto vegetal fosse preciso: as palmeiras ofereciam coberturas para as choupanas e material para a confecção de chapéus, esteiras, cestos, leques e vassouras. Com o miolo de uma árvore chamada pininga erguiam-se as estruturas das habitações. Da casca das árvores faziam-se as vestimentas. Da polpa e da amêndoa da palmeira pindoba extraía-se azeite, do côco se obtinha manteiga. E de muitas outras árvores, muitas outras coisas. Até vinho de algumas frutas se fazia em Palmares. Apesar do florescente comércio entre o quilombo e os colonos da região, a paz era temporária. Palmares estava fortalecido e enviava emissários aos engenhos ou raptavam negros das senzalas. De simples refúgio de escravos fugidos, Palmares transformava-se em um centro de resistência contra todo o sistema escravocrata. Na década que se inicia em 1670, o quilombo viveu seu apogeu provavelmente com mais de 50 mil habitantes, distribuídos em vários mocambos, cada qual com seu chefe, que se reuniam constantemente para resolver assuntos importantes, especialmente a guerra, que não tardaria a vir. Em 1674, o governador de Pernambuco, Pedro de Almeida. organiza uma nova expedição As lutas são sangrentas. Os homens enviados a Palmares encontram uma grande cidade de mais de 2 mil casas, fortificada com estacadas de pau a pique. Nela, os negros resistiram por duas horas e meia, retirando-se quando se ateou fogo às casas. Manuel Lopes, o sargento-mor, instalou-se no mocambo, transformando-o em arraial. Entre os destroços, Manuel Lopes encontra os restos de uma capela com imagens. Os palmarinos (assim eram chamados os que viviam em Palmares) haviam adotado o cristianismo sem abandonar os velhos deuses africanos. É bom lembrar que o Quilombo dos Palmares representava uma autêntica república negra com sua organização militar, de trabalho e de produção; já trabalhavam o ferro e a agricultura que incluía o plantio de mandioca, cana-de-açúcar e a criação de gado supria as necessidades internas, sendo que o excedente era trocado com a vizinhança por sal, pólvora e armas de fogo. Todo este comércio era tratado de tal forma organizada que provavelmente incomodou a côrte e as autoridades locais. Neste momento, mais que a extinção do quilombo, ao governo interessava a submissão dos negros ao sistema. Para tal, à Pedro de Almeida, governador de Pernambuco na época, foi sugerida uma tentativa de "acordo": Este começou a tratar os palmarinos derrotados com certa benignidade. Integrados na colônia, poderiam constituir em Palmares um novo reduto português e seus mocambos se tornariam vilas. Ganga Zumba, tio de Zumbi, vendo as dificuldades para continuar o combate, e ao mesmo tempo podendo ver sua gente toda livre, aceita a proposta do governador. Chega ao Recife em um cavalo de raça, causando estranheza por onde passava. Seus ministros tinham as barbas trançadas. Olhavam os políticos brancos de cima para baixo.. Vinham bem trajados e bem alimentados. Os pobres do Recife, magros e mal - vestidos, amontoaram-se na porta do palácio para admirar. O tratado dizia: os negros e índios nascidos em Palmares se tornariam livres; os que fossem fugidos deveriam voltar a seus donos; todos deviam obedecer ao rei de Portugal; os que concordassem, receberiam terras para viver e trabalhar; ficava permitido o comércio entre Palmares e as cidades vizinhas.

Até Mais ...

03 novembro 2006

ZUMBI - REI DOS PALMARES Nascido por volta de 1656Morto em 20 de novembro de 1695 20 de Novembro - Dia Nacional da Consciência Negra
ZUMBI
Aqualtune teve filhos que se tornaram chefes de mocambos, Ganga Zumba e Gana Zona, e teve também filhas, e uma delas deu-lhe um neto nascido quando Palmares esperava um ataque holandês. Os negros cantaram e dançaram muito, pedindo aos deuses que o menino crescesse bravo e forte. E, para sensibilizar o deus da guerra, deram ao menino o nome de Zumbi.
Ainda bebê, Zumbi sobreviveu a um massacre, e um comandante o leva para Porto Calvo, deixando-o sob os cuidados do padre Melo. O padre acabou se tornando pai e mãe do bebê. Comprou uma escrava de seios fartos para amamentá-lo, batizou-lhe Francisco, porque "era manso e inteligente como o santo que conversava com os animais". Ensinou matemática, histórias da bíblia e latim a Francisco, que chegou a coroinha.
Enquanto Palmares cresce e se fortalece, também assim acontece com Zumbi, em Porto Calvo. Porém, aos quinze anos resolve se emancipar e parte em busca de seu destino, e este estaria mata adentro, muitas léguas dali.
Em algumas versões da história de Zumbi, ao chegar em Palmares, ele escolhe seu próprio nome.
Aos dezenove anos, era chefe de um mocambo (ou aldeia).
Ativo e muito instruído para a época, ganha a confiança de todos e é nomeado o comandante das armas pelo seu tio Ganga Zumba, na ocasião o líder supremo de Palmares.
Nas lutas travadas em 1674, entre os negros, Zumbi surge como grande guerreiro, chefe valente, disposto a tudo. Nesse combate, o jovem chefe leva dois tiros, ficando coxo, mas continua a combater. Seu nome e sua coragem começavam a virar lenda. Porém, alguns mocambos foram sendo derrotados e muitos negros acabavam por se entregar.
Após Ganga Zumba ter aceito o acordo proposto pelo governador de Pernambuco Pedro de Almeida que dizia que os negros e índios nascidos em Palmares se tornariam livres e os que fossem fugidos deveriam voltar a seus donos, ele volta feliz à Palmares, mas Zumbi não concorda. Para ele, não se trata somente de viver livre, mas de libertar os ainda escravos.
É a prudência e a sabedoria de Ganga Zumba contra a ousadia e o entusiasmo de Zumbi.
Ganga Zumba é morto por envenenamento e a suspeita caiu sobre o próprio Zumbi, que ocupa o lugar do rei. Até mesmo os portugueses reconheciam : "Negro de singular valor, grande ânimo e constância rara".
Sua valentia era lendária dentro da cruel realidade de guerra, uma guerra onde os negros não conseguem mais armas ou pólvora, a não ser a que tomam do inimigo.
O rei de Portugal ainda mandou oferecer as pazes a Zumbi duas vezes. Editais são espalhados por todas as vilas e vizinhanças. Poderia morar aonde quisesse, era só parar de lutar contra a escravidão: tem que ter escravo; sem escravo não tem açúcar, sem açúcar não tem Brasil, sem Brasil não tem Portugal. Mas Zumbi pensava diferente: não precisa ter escravo; pode ter açúcar sem escravo, pode ter Brasil sem açúcar. E Portugal que se vire.
Não havendo acordo, as lutas se acirraram. Zumbi resiste nas matas mês após mês, ano após ano. Em 1686, outro governador, nova tentativa. São vários grupos com mais de mil homens e com munição suficiente para uma guerra. São comandados pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, que tomaria para si as terras de Palmares, caso conseguisse derrotar Zumbi. Foi uma guerra dura e sangrenta.
Palmarinos haviam construído uma muralha enorme para proteger o quilombo, e do lado de fora, Zumbi mandou abrir um fosso, disfarçado com galhos e fôlhas. Quem tentava ser aproximar, caía lá dentro. Os palmarinos e suas mulheres, de cima das cêrcas, lançavam água fervente sobre os atacantes.
De um lado para o outro, Zumbi gritava aos seus homens, convidando-os a morrer em liberdade. Ele é baleado e mesmo assim continua lutando. Sua abnegada resistência levou a luta a se transformar em um massacre de incríveis proporções. A côrte não escolhe: homens, mulheres e crianças vão ficando pelo chão.
Ao raiar do dia 7 de fevereiro de 1694, só há mortos e feridos. Os homens de Domingos Jorge Velho começam, a procurar Zumbi, mas não encontram seu corpo.

Mais de um ano depois, um negro prestes a ser executado troca sua vida pela informação do paradeiro de Zumbi. E assim foi: o encontraram e renderam com mais de vinte homens e no dia 20 de novembro de 1695, André Furtado de Mendonça corta a cabeça daquele que foi o mais destemido rei e guerreiro, neto da princesa Aqualtune: nascido livre e morto por querer a liberdade de seu povo.
Um herói brasileiro. A notícia se espalhou entre os milhares de escravos que não acreditaram: Zumbi morto? Impossível! Um deus da guerra não pode morrer.